
Geriatra o que é?
27 de maio de 2024
Câncer e Oncogeriatria: o que preciso saber?
6 de junho de 202450% dos idosos têm queixas de sono, sendo as mais comuns Insônia e Sonolência Diurna. O sono de má qualidade (insônia) não é consequência do processo de envelhecimento, na verdade é um marcador de saúde global precária.
No entanto, o padrão de sono muda com a idade e o tempo total de sono diminui 10 min a cada década, ainda assim, idosos saudáveis referem ter um sono reparador.
A piora da qualidade do sono (insônia) está relacionada à piora de qualidade de vida e do risco cardiovascular (aumento de infarto e avc), piora cognitiva (problemas de memória e execução de tarefas), aumento do risco de quedas, de institucionalização e de mortalidade.
“Ter muitas queixas de sono é indicador de saúde global precária. Em meu consultório atendo muitos adultos e idosos com queixas de sono. É preciso coletar a história com calma, aplicar questionários, realizar exame físico, para então compreender quais são os motivos que levam ao prejuízo do sono, a insônia. Também é necessário investir um bom tempo para explicar as medidas medicamentosas e não medicamentosas que serão utilizadas para melhorar tais queixas. Ao longo do seguimento percebo uma melhora expressiva não apenas no sono, mas na saúde global dos meus pacientes.” Dra Andresa Lima.
“Ter muitas queixas de sono é indicador de saúde global precária. Em meu consultório atendo muitos adultos e idosos com queixas de sono. É preciso coletar a história com calma, aplicar questionários, realizar exame físico, para então compreender quais são os motivos que levam ao prejuízo do sono, a insônia. Também é necessário investir um bom tempo para explicar as medidas medicamentosas e não medicamentosas que serão utilizadas para melhorar tais queixas. Ao longo do seguimento percebo uma melhora expressiva não apenas no sono, mas na saúde global dos meus pacientes.” Dra Andresa Lima.

Como é o Sono do Idoso?
Existem alterações do sono na terceira idade, observe as principais:
- Aumento no tempo de sono superficial (paciente acorda mais facilmente);
- Diminuição do tempo de sono profundo;
- Eficiência do sono menor;
Avanço de fase do ciclo circadiano (dorme e acorda mais cedo) - No entanto, tais alterações em idosos saudáveis não trazem impacto na qualidade do sono.
Muitas vezes o horário de sono desejado, não coincide com o ritmo circadiano do indivíduo, sendo necessário educação em saúde e alinhamento de expectativas.
“Não é incomum, receber queixas de insônia no consultório, mas o paciente dorme a quantidade que seu corpo precisa, só que gostaria de dormir mais, por comodidade ou por ter uma rotina monótona. Faz parte da consulta com um bom médico alinhar as expectativas do que pode ou não ser melhorado e como agir frente às dificuldades.” Dra Andresa Lima
Para avaliar a arquitetura do sono lançamos mão da Polissonografia, exame que pode ser realizado em casa ou no laboratório, cada um tendo suas vantagens e desvantagens.
Uma duração de sono entre 6-9 h pode ser considerada normal nas pessoas idosas. Valores fora desta faixa são deletérios.
No entanto, é preciso individualizar e entender como foi o padrão de sono daquela pessoa ao longo da vida, para definir o que pode ser patológico ou não.
Existem pessoas consideradas dormidoras longas, onde dormir menos de 9 h é insuficiente. Como também existem as dormidoras curtas, que dormem 6 h e não necessitam de mais horas de sono.
Ao observar os parâmetros de qualidade do sono, temos:
- Tempo de latência do sono (tempo de desligar as luzes e dormir) menor que 60 minutos;
- Até dois despertares à noite;
- Eficiência de sono acima de 74%;
O que é Insônia?
É a dificuldade de iniciar o sono, manter o mesmo ou despertar muito precocemente. O sono é considerado não restaurador ou de má qualidade, com impacto negativo nas funções diárias.
A Insônia pode ser primária ou secundária. A segunda sendo mais comum, ou seja, insônia secundária a outras condições de saúde, como: depressão, ansiedade, síndrome das pernas inquietas, apneia do sono, dor, abuso de substâncias, problemas cardíacos, pulmonares, etc.
Por este motivo, pessoas com pior qualidade de saúde apresentam mais problemas de sono. Nesta população é comum que a insônia seja multifatorial (mais de um motivo levando a insônia).
Terapias não farmacológicas são mais eficazes, mais duradouras e têm menos efeitos colaterais.
Terapias não medicamentosas para insônia:
- Instruções para higiene do sono
- Terapia de restrição de sono
- Controle de estímulos
- Terapia cognitivo comportamental voltada ao sono é o tratamento padrão ouro.
- Atividade física
- Terapias de relaxamento
- Massagem
- Cronoterapia
- Terapia de luz
A terapia de restrição de sono orienta que o paciente permaneça na cama apenas o tempo de sono real. A estimativa de tempo de sono é feita por meio de um diário de sono durante duas semanas.
Já o controle de estímulo, elimina comportamentos no quarto que vão exacerbar a insônia.
O uso da televisão, uso do celular, estudar, trabalhar, discutir problemas na cama, são comportamentos que geram associação negativa entre cama e descanso.
Terapias Medicamentosas
Podem ser usados: indutores do sono, antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos, anticonvulsivantes. Sua escolha vai depender do perfil de cada paciente.
Vencendo a Insônia. Como voltar a ter boas noites de sono?
Criação de um ritual para o sono:
- Ouça uma música relaxante antes de dormir;
- Uma hora antes tome um banho morno;
- Tenha um quarto tranquilo e confortável, que não tenha ruídos ou claridade (sem televisão!);
- Vá para o quarto e para a cama apenas quando estiver sonolento.
- Se não conseguir dormir, saia do quarto e retorne só quando estiver sonolento novamente;
- Evite exercícios vigorosos duas horas antes de dormir;
- Evite bebidas com cafeína, nicotina ou álcool antes de dormir (eles ajudam na inibição do sono ou fragmentação do mesmo)
- Ir para cama todos os dias no mesmo horário e acordar no mesmo horário, incluindo finais de semana;
- Não tirar cochilos diurnos, caso seja muito necessário, não passar de 30 min;
Lição de hoje: quarto deve ser usado APENAS para dormir ou fazer sexo!
As vezes pode ser necessário o tratamento medicamentoso, usado pelo menor tempo e menor dose possível, ficando atento a possíveis efeitos colaterais das medicações, e sempre combinado com as medidas não farmacológicas,
Dra Andresa Lima, entende que o acompanhamento, mesmo fora de consultório é essencial, para monitoramento e sucesso do tratamento, por isso, mantém um número exclusivo para pacientes, onde mantém contato com os mesmos.
Insônia Secundária a Síndrome de Apneia do Sono
A Apneia do Sono é uma causa comum de insônia e sono não restaurador em adultos e idosos.
Ocorre devido a obstrução parcial ou completa das vias aéreas, levando a pequenos despertares que podem ser imperceptíveis para quem apresenta, mas que leva o indivíduo a baixa oxigenação e desregulação do sistema nervoso autônomo.
Como consequência a pessoa acometida apresenta: sonolência diurna excessiva, sensação de sono não reparador, cansaço excessivo, problemas de memória, dificuldade no controle pressórico, desenvolvimento de arritmias.
Sintomas da Apneia do Sono:
- Roncos
- Engasgos durante o sono
- Pausas respiratórias
- Dor de cabeça pela manhã
- > 3 despertares para ir ao banheiros noite
- Sonolência diurna excessiva
- Fadiga excessiva
- Problemas de memória
Responda ao Questionário de Epworth

Se sua pontuação foi maior ou igual a 10 você apresenta sonolência excessiva e precisa ser avaliado por um médico.
Avalie sua circunferência cervical
Alterado se: > 41 cm em mulheres e > 43 cm em homens.
A confirmação da Apneia do Sono acontece através de Polissonografia com quantificação do Índice Apneia Hipopneia (IAH). Presença de >= 15 episódios de apneia por hora ou >5 IAH com sintomas, fecham o diagnóstico de apneia do sono.
- 5-14 IAH: leve
- 15-30 IAH: moderada
- > 30 IAH: grave
Não existem medicações específicas para o tratamento da Apneia do sono.
Seu tratamento passa por mudanças no estilo de vida (perda de peso, dormir de lado, evitar álcool, sedativos e opioides) e uso do CPAP.
Tratamento de primeira linha é o CPAP – dispositivo de pressão contínua das vias aéreas, que ajuda na manutenção da abertura das vias aéreas. A pressão usada no aparelho deve ser titulada individualmente.
Existem diversos modelos de CPAP, que envolvem nariz e boca ou apenas o nariz. E é preciso que o paciente faça testes e veja qual é o que melhor se adapta.



A Apneia leve a moderada em alguns casos também pode responder a dispositivos bucais, que desloca a mandíbula para frente.
Procedimentos cirúrgicos podem ser indicados em alguns casos de obstrução por alteração anatômica grave (alguns casos de retrognatia por exemplo).
A suplementação de oxigênio não é recomendada, porque não resolve efetivamente a apneia e ainda pode deixá- la prolongada por alteração do eixo cerebral.
Insônia Secundária a Síndrome das Pernas Inquietas
A Síndrome das Pernas Inquietas é caracterizada pela sensação desagradável nas pernas que atrapalha o sono. Muitas vezes descrita como uma urgência para movimentar as pernas.
Pode ser primária, sem causa aparente, com influência genética e costuma ocorrer no início da vida.
Pode também ser secundária, geralmente associado a anemia ferropriva, doença renal crônica ou mesmo gravidez.
O sintoma clássico é a urgência de mexer as pernas, mas também pode se apresentar como inquietação, fisgada, formigamento, dormência, coceira ou dor, ocorre geralmente em períodos de repouso e inatividade, mas também podem ocorrer durante o dia, afetando o sono e qualidade de vida do indivíduo.
Seu diagnóstico é clínico, feito através da história coletada durante a consulta e do exame físico, porém a polissonografia pode detectar movimentos periódicos dos membros e desta forma dar mais robustez ao diagnóstico.
Tratamento não farmacológico: exercícios, acupuntura, luz infravermelha.
Tratamento farmacológico: geralmente anticonvulsivantes ou agonistas dopaminérgicos.
Pode ser necessário suplementar ferro em caso de deficiência do mesmo, mas nunca esquecendo de investigar o motivo desta carência, que pode ser por causas benignas como a ingesta inadequada de nutrientes ou causas malignas como câncer de estômago ou de intestino.
Dra Andresa Lima, médica Geriatra pela USP, tem vasta experiência no tratamento de distúrbios do sono, incluindo Apneia do Sono e Síndrome das Pernas Inquietas. É necessário uma avaliação global para entender os motivos da insônia, com uma consulta de pelo menos uma hora, sem pressa, para que o problema possa ser entendido e solucionado.
“Resgatar o sono de qualidade do meu paciente, não melhora apenas a vida dela, mas das pessoas que estão em volta. Entender a pedra angular de onde agir e trazer clareza para o paciente, alinhando as expectativas é essencial no processo de cuidado. Transparência e ética são os alicerces do meu processo de cuidar.”